O Novo Marco Legal do Saneamento, de 2020, tornou o setor mais aberto e competitivo, com oportunidades, mas também obrigações e metas claras para as prestadoras de serviço. Essa mudança exige uma evolução de todo o setor não apenas na área técnica, mas também em estrutura de governança para atrair os recursos privados e públicos necessários aos investimentos demandados.
A mudança de cenário vem em um contexto que já se desenhava: em função do recorrente problema fiscal, o setor público nacional tem dificuldade de prover em quantidade e regularidade os recursos para que o País dê o salto necessário com relação ao saneamento. Ou seja, o setor precisa do capital privado e, consequentemente, da credibilidade que só é possível construir com uma sólida governança corporativa.
Há 20 anos a Sabesp dava um passo importante, passando a ser listada na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, antiga Bovespa, e na Bolsa de Nova York (NYSE). Isso representou um enorme desafio para a Companhia desenvolver sua governança de forma a atender as rigorosas exigências desses mercados.
Essa evolução é que permite hoje à Sabesp acessar o crédito privado local e internacional, que, somado ao crédito público, formam a equação de financiamento da Companhia, proporcionando a liquidez necessária para cumprir sua função social e de negócios.
No dia 9/5 estivemos na NYSE comemorando o “Sabesp Day”, a celebração desses 20 anos de evolução do relacionamento construído com os atores do mercado de capitais. Um relacionamento que permitiu à empresa crescer, evoluir tecnicamente, ampliar e melhorar a prestação de serviços aos seus clientes e à sociedade, atender as demandas dos seus acionistas e credores e principalmente aumentar o nível de investimentos para a universalização do saneamento no Estado de São Paulo.
Para isso, foi preciso conquistar uma posição sólida e robusta, com adesão e adequação às melhores práticas de governança. Mesmo sendo uma empresa de capital misto, a Sabesp conseguiu desenvolver essa cultura empresarial para atrair capitais privados e é isso que nos ancora agora para o novo ambiente mais aberto do setor.
Já éramos conhecidos como uma empresa de excelência técnica e com um grande número de clientes – somos a terceira maior do mundo nesse quesito – e passamos a ser reconhecidos também pela boa governança. Esse foi um passo importante que nos credencia para o momento atual em que a adoção dos princípios ESG é cada vez mais exigida pela sociedade e pelo capital junto às empresas.
Nossa atuação é social por definição e temos aprofundado esse escopo com programas como Água Legal e Se Liga na Rede, além de grandes projetos como Tietê, Onda Limpa e Novo Rio Pinheiros. Nesse último, em menos de três anos conectamos cerca de 560 mil imóveis à rede que leva os esgotos para tratamento, sendo uma boa parte de moradias em área de ocupação irregular com pessoas deprimidas econômica e socialmente. Simultaneamente, os córregos afluentes do Pinheiros e o próprio rio vão voltando à vida.
Na questão da sustentabilidade, temos investido também no conceito de economia circular. Com inovação, estamos transformando nossas Estações de Tratamento de Esgoto em unidades de geração de energia. Isso é feito através dos gases que se originam do tratamento, que são transformados em combustível para veículos. E também na geração de energia solar com a instalação de usinas fotovoltaicas nas áreas dessas estações.
Ou seja, é uma evolução que ocorre em paralelo, firmada nesses três pilares do ESG. A boa governança traz a segurança e a credibilidade para atrair os capitais que possibilitam investir na melhoria dos serviços para a sociedade e no uso mais eficiente dos recursos e regeneração do meio ambiente. E a abertura ao mercado de capitais foi um passo fundamental nesse processo.